quinta-feira, 20 de maio de 2010

Barragem de Fridão- Relevançia do protesto.

No dia 28 de Março centenas de mondinenses manifestaram-se pela 1ª vez contra as barragens do Fridão e do Alto-Tâmega. Associaram também a este protesto os habitantes da Região de Basto, de Amarante e do Alto-Tâmega, cordão esse, que tem vindo a fortalecer cada vez mais, dado os problemas serem comuns, incluiu-se também várias organizações ambientalistas, como a Quercus, Coagret e o Campo Aberto, como também alguns representantes de partidos políticos Distrital, PCP, BE e MRPP.
A concentração teve como palco simbólico de partida, a ponte sobe o Rio Tâmega. De seguida, quase uma centena de pessoas deram início a marcha até ao centro da vila aonde estavam a espera mais de uma centena de pessoas.
Não obstante a esta concentração protestaram também dezenas de canoista que se encontravam nesta vila a participar num convívio realizado pelo clube local, manifestando assim o seu protesto com um verdadeiro BUZINÃO.
Na Praça da Via Cova teve lugar as intervenções dos oradores convidados, Dr. Emanuel Queiroz, Dr. Amilcar Salgado, Engº Viana Oliveira e o Engº João Branco, que abordaram os vários factores críticos das especialidades do Estudo de Impacte Ambiental - EIA, nomeadamente o clima, a qualidade da água, segurança, as expropriações, a sócio-economia entre outras situações que mereceram o seus reparos.
O Presidente da Junta de Freguesia de Mondim de Basto na sua intervenção de abertura informou aos presentes as razões que levaram o executivo da freguesia a deliberar o seu posicionamento contra a Barragem do Fridão. Das várias participações nas apresentações e discussões dos EIA da EDP realizadas em Amarante, Mondim de Basto e no Porto, não foram suficientemente esclarecedoras e convincentes, pecando sobretudo, pela falta de respostas nas solicitações mais pertinentes. Associado a estas questões, junta-se a Linha de Muita Alta Tensão que está definido passar no concelho de Mondim de Basto nomeadamente no Monte Farinha (Srª da Graça), que irá ser mais uma intrusão e incomodo nas vidas das pessoas e irá também desfigurar a imagem da nossa paisagem.
A confirmação desta tomada de posição, vem a ser justificada quando se tem conhecimento do EIA da IBERDROLA das Barragens a montante do Fridão, aonde revelam que os factores negativos serão o nevoeiro, a neblina, o risco elevado de poluição acidental, a má qualidade das águas (eutrofização), as oscilações dos níveis da água, o risco de um deslizamento da encosta, que provocará uma onda que com a sua passagem, produzirá elevados prejuízos em termos de potencial perdas de vidas humanas e destruição de casas. De entre as de maior risco, destacam-se as localidades ribeirinhas de Mondim de Basto e Amarante. Como o rio e o vale são os mesmos, não restam dúvidas que a EDP tentou omitir os pontos negativos e que a IBERDROLA vem de seguida revelar as consequências negativas. Para finalizar o presidente da Junta, citou um dos pareceres dos factores críticos que a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional do Norte - CCDR.Norte, enviou em 2007 ao Instituto Nacional das Águas – INAG informando o seguinte: “Relativamente aos critérios do Factor Critério - Desenvolvimento Humano – julga-se que está por provar que a construção de uma barragem faça aumentar o nível de educação das populações locais, ou o seu poder de compra, ou que ajude a combater a pobreza e o analfabetismo, e muito menos a esperança de vida das populações. Não foi isso que aconteceu no passado e portanto não haverá motivos para concluir que se irá verificar nos novos empreendimentos. O concelho de Montalegre, é o concelho de Portugal com o maior número de grandes albufeiras e nem por isso deixou de figurar nos piores lugares do ranking de desenvolvimento das populações locais”. Conclui-se assim, que perante esta afirmação de uma entidade credível, não restam dúvidas que estes empreendimentos não serão um factor de desenvolvimento para o concelho de Mondim de Basto.
O presidente da Junta de freguesia aproveitou o momento para expor a sua opinião, afirmando que o concelho tem um potencial turístico enorme e único, basta haver da autarquia capacidade e vontade em desenvolver uma estratégia sustentada deste potencial desprezado até à data. Reconhece que Mondim de Basto necessita de melhores vias, no entanto, não é necessário trocar uma barragem por uma estrada (Via do Tâemga), quando esta mesma estrada é um direito que assisti aos mondinenses no compromisso do governo há mais de 20 anos pelo encerramento da linha ferroviária do Tâmega e não como uma contrapartida. Lembrou ainda, que Celorico de Basto lutou pela Via do Tâmega sem contrapartidas e recentemente, o município de Cabeceiras foi brindado com uma ligação do Arco de Baúlhe até Cabeceiras sem haver uma barragem como moeda de troca.
O Presidente da Junta agradeceu a presença de todos os presentes e colaboradores, e ficou na expectativa de que esta concentração tenha sido proveitosa para as pessoas como contributo na formação de uma opinião sensata e coerente da realidade deste projecto que poderá comprometer o futuro de Mondim de Basto.

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